Preocupada com aumento da população da região metropolitana de Londres, além das consequências da degradação ambiental, empresa Thames Water estuda reciclar água do esgoto, a fim de garantir o abastecimento no futuro
Algumas estimativas indicam que o verão vai se tornar mais quente e
seco e o inverno, mais úmido e com tempestades mais intensas em diversas
regiões do mundo. Além disso, as grandes cidades tendem a ficar mais
populosas, tendo como uma de suas consequências uma demanda maior por
produtos naturais, como a água. A Thames Water, empresa de água que
abastece a cidade de Londres, na Inglaterra, e outros municípios ao seu
redor, prevê que atenderá
aproximadamente 10,4 milhões de pessoas em 2014, o que significará um
aumento de 230 a 340 milhões de litros por dia (atualmente, a população
atendida é de 9 milhões).
Para garantir um abastecimento adequado, a empresa pretende consertar
canos com vazamentos, instalar medidores de água em cada edifício e
incentivar as pessoas a reduzirem seu consumo diário de 160 para 150
litros de água. No entanto, a Thames Water acredita que esses
procedimentos não serão suficientes para atender a demanda esperada para
daqui a 10 anos e por isso desenvolveu uma nova estratégia, que
consiste em reciclar a água do esgoto, a fim de oferecer água potável em
quantidade suficiente.
A reciclagem da água será feita por meio da hidrólise térmica, em que
o lodo do esgoto é colocado em um recipiente que simula uma grande
panela de pressão. Em seguida, sob alta temperatura e pressão, a tampa é
aberta e as células das bactérias estouram, o que ocasiona a
desintegração e dissolução das estruturas celulares. Contudo, essa nova
estratégia esbarra na “rejeição psicológica do consumidor”, segundo
alguns pesquisadores, bem como nos perigos de a água ser inserida nos
rios sem um tratamento prévio adequado, o que é altamente danoso quando
se trata de produtos farmacêuticos presentes no esgoto, pois eles são
mais resistentes à quebra de moléculas.
No mundo
Tratar água do esgoto, a fim de torná-la própria para consumo não é
algo tão novo assim. Israel, por exemplo, é o maior reciclador de águas
residuais do mundo: 70% de suas águas residuais são tratadas e
reutilizadas como água de irrigação para os campos e obras públicas. Já
no condado de Orange, na Califórnia, Estados Unidos, a água reciclada do
esgoto é utilizada para consumo próprio. Isso porque o
lençol freático que abastece a região foi demasiadamente explorado pela
irrigação de plantações de laranja, de modo que, com a diminuição do
nível do aquífero, o sal do Oceano Pacífico começou a se infiltrar por
lá.
No Brasil, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)
firmou uma parceria com algumas empresas e criou, em 2012, a Aquapolo Ambiental, que tem como objetivo fornecer às indústrias petroquímicas
alocadas no distrito de Capuava, em Mauá-SP água obtida através do
tratamento de esgotos. Atualmente, o Aquapolo fornece 650 litros de água
por segundo, mas espera-se que o número passe para mil litros por
segundo em 2016.
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