Com mais de 12 mil casos confirmados de diarreia neste ano, Caruaru,
no Agreste pernambucano, decidiu intensificar a fiscalização dos
caminhões-pipa que entram na cidade. Bloqueios permanentes são
realizados em vários pontos do município. A medida foi adotada pela
Departamento de Vigilância Sanitária após motoristas serem flagrados
tentando driblar as blitzes.
A notificação do aumento de casos de diarreia foi feita em março
pelas Unidades de Sentinela (policlínicas e postos de saúde),
responsáveis por diagnosticar, investigar e notificar doenças
confirmadas no município. Apesar de a causa do surto não ter sido até
agora identificada, a Prefeitura resolveu tomar algumas medidas de
precaução, entre elas o controle dos carros-pipa.
Segundo o diretor do Departamento de Vigilância Sanitária, Paulo
Florêncio, muitos pipeiros começaram a driblar as fiscalizações.
“Resolvemos, então, adotar fiscalizações permanentes. Temos três equipes
no período da manhã e da tarde percorrendo a cidade de Caruaru e área
rural. Assim que veem um carro-pipa, eles abordam o motorista e
verificam se o cadastro na Secretaria da Saúde é atualizado, qual a
fonte da água, o teor de cloro e a turbidez do líquido”, afirma.
Todos os veículos precisam estar adequados às normas exigidas pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se a equipe encontra
alguma irregularidade, é feita uma advertência. Caso o transportador
seja reincidente, ele é multado. A multa varia de R$ 200 até R$ 2 mil.
Se necessário, a Vigilância vai até a fonte da água, colhe algumas
amostras e leva para análise.
Paulo Florêncio diz que o número de equipes pode ser insuficiente
para Caruaru, mas garante que os resultados são satisfatórios. “Os
vigilantes têm outras tarefas, mas, com um pouco mais de esforço, eles
conseguem dar conta”, diz. Atualmente, são 60 carros-pipa cadastrados.
Estima-se que 40 estejam irregulares.
A coordenadora do Departamento de Vigilância Sanitária, Alba
Cristina, ressalta, no entanto, que não há certeza se a água fornecida
pelos carros é a principal fonte de contaminação. “Muitos fatores podem
ter contribuído para este surto de diarreia. O que não podemos é
confirmar que a causa foi especificamente a água dos barreiros que
também abastecem os bairros”, diz. De acordo com ela, outro fator que
dificulta a identificação das causas da diarreia é que não existe uma
faixa etária especifica ou uma localidade com um número relevante de
casos.
Enquanto Caruaru registra 12 mil casos de diarreia, o estado de
Pernambuco contabiliza 130 mil doentes, segundo a Secretaria Estadual da
Saúde. Seis mortes já ocorreram em razão da doença.
Sintomas e tratamento
Frequentes idas ao banheiro, dores de barriga, enjoos, tonturas e
perda de consistência das fezes (aguadas) são alguns dos sintomas da
diarreia. A consequência mais preocupante é a desidratação, que em
crianças e idosos é mais comum. Em casos mais graves, a doença pode
levar à morte.
“Nunca passei tão mal na vida. No começo lá em casa ninguém levou a
sério, mas depois de passar quatro dias com dores fortes na barriga,
tontura e diarreia, não aguentei e fui hospitalizada”, lembra a
professora-intérprete Fabiana Feitosa, de 35 anos.
Mesmo depois de receber alta do hospital e fazendo tratamentos com
antibióticos, a professora diz ter continuado a passar mal. “Vim sentir
uma melhora depois de sete dias. Fiz uso de antibióticos porque o
médico insistiu na hipótese de que eu tinha comido algum alimento
estragado, mas só faço minhas refeições em casa e tenho certeza de que
não foi por causa da alimentação. Gostaria muito de saber qual a real
causa deste surto. Até minha mãe teve diarreia”, afirma.
O clínico geral André Muniz esclarece que muitos fatores podem causar
a diarreia. Entre eles estão: alergia a alguns medicamentos
(antibióticos e antirretrovirais) e doenças inflamatórias intestinais.
Na diarreia viral a transmissão em lugares fechados é mais comum. “As
pessoas também devem ter muito cuidado com a higiene dos alimentos e
das mãos. Às vezes, pela pressa do dia a dia elas deixam esses detalhes
passar, principalmente, quem faz as refeições fora de casa, já que
desconhecem a origem dos alimentos. Sem esses cuidados, as pessoas
ficam mais suscetíveis às infecções virais.”
Na maioria dos casos o único tratamento necessário é a reposição de
líquidos, para evitar a desidratação. Alimentos gordurosos, café, leite,
bebidas alcoólicas devem ser evitados. é recomendada uma alimentação
leve à base de frutas, chás e sopas. “Jamais a pessoa que está doente
deve fazer uso de remédios antidiarreicos, esses que fazem a diarreia
parar. Tem sempre alguém que oferece para ajudar a pessoa, mas nós não
fazemos essa indicação ao paciente. Na dúvida, sempre procurar
atendimento médico para evitar que o caso se agrave”, reforça.
Voz do blogueiro: Como quase tudo que acontece no Brasil, mais ainda no Norte/ Nordeste, não dará em nada! Os tais "pipeiros" (como são chamados quem distribui água através dos caminhões), continuarão burlando a fiscalização colocando em risco a saúde dos consumidores e pior, ficando "as escondidas" da Vigilância Sanitária.
As autoridades devem controlar essa situação e aumentar a vigilância, autuando com penas severas os responsáveis.
Matéria disponível em: http://www.tribunahoje.com/noticia/72069/brasil/2013/08/09/com-surto-de-diarreia-caruaru-faz-pente-fino-em-caminhes-pipa.html
Postado por Juliano Ciasca Giaretta
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